the life is too short, so take the time and appreciate

sábado, 28 de agosto de 2010

Is The Song - Capítulo I

Acredito que nada acaba sendo por acaso. E eu tenho todos os motivos pra acreditar nisso realmente, mais do que qualquer outra pessoa. Meu nome é Liv, e a partir de agora, você vai entender porque nada é por acaso.


Capítulo I

– 10° dia
O sol já estava se pondo quando encostei minha cabeça no ombro de Henry. O garoto apoiava o violão em seu colo deu alguns acordes perdidos, misturando várias músicas a cada dois acordes que ele dava. Ele estava contente. Eu estava contente. E como poderia não estar? Ali estávamos nós, sentados no lugar mais alto da cidade, vendo o sol se por, uma cesta de piquenique ao nosso lado e a música maravilhosa de Henry. Qualquer garota estaria tão contente quanto eu em meu lugar. Mas, eu tinha algo que elas não tinham: minha incrível sorte.

– 1° dia
Corríamos como três idiotas, os carros buzinavam alto demais, encobrindo o turbilhão de palavrões que eles lançavam sobre nós. E eu ria disso tudo. A noite estava sendo mais engraçada do que eu previra, minha primeira noite de férias estava mesmo valendo a pena.
O cappuccino em meu estômago começava a reclamar da correria e aos solavancos eu fui parando de correr, Helena e Alice faziam o mesmo. Só então percebi que estava ficando sem ar, tive que respirar fundo três vezes para conseguir parar de rir.
- Ah, droga! Meu tênis desamarrou de novo! – resmungou Helena enquanto caminhava rápido para uma casa ao lado, onde apoiaria o pé para amarrar o tênis.
E momentaneamente, as buzinas pararam de tocar e eu pude perceber uma música, uma música que eu conhecia.

What have we found?
The same old fears
Wish you were here

Eu fiquei estática naquele momento. Não acreditei, só podia ser um CD... Era bom demais pra ser...
- ALICE! – eu agarrei no braço da garota ao meu lado, ela assustou-se e deu um pulo para o lado- Isso é o que eu to pensando?
- Ahmmm... – ela me olhou com cara de “Você acha que eu leio pensamentos” – Depende...?
- PINK FLOYD! – eu gritei e olhei na direção de onde vinha a música. Era algum tipo de bar, só que mais limpo e organizado. A parede que dava para a rua era aberta, havia uma parte mais alta onde estavam algumas mesas. Eu procurei a banda que tocava e de fora do bar eu podia vê-los. Eu realmente, não acreditava no que estava ouvIndo – PINK FLOYD ALICE! É...
- Pink Floyd. Okay Liv, okaaaay... – ela disse em um tom calmo, como se quisesse acalmar uma criancinha excitada com algum doce. Tá, minha reação havia sido praticamente a mesma.
- Vamos entrar? –eu olhei com os olhos de cachorro sem dono pra ela.
- Entrar? Mas estamos sem dinheiro...
- E quem disse que precisamos comprar alguma coisa? – eu girei os olhos para ela. Naquele momento, a banda havia parado de tocar. Claro, a música havia acabado.
- Viu? Acabou Liv. Vamos continuar andando... – ela deu dois tapinhas em minhas costas e eu olhei feio pra ela. Quando percebi, Helena estava ao nosso lado novamente.
- Hey, por que as duas estão paradas ai? – ela sacudiu as mãos na nossa frente, como se quisesse ver se ainda estávamos acordada.

E então eu percebi que eles haviam voltado a tocar. Helena também ficou com o olhar perdido, um sorriso idiota no rosto. Alice tentava gaguejar o nome da música, e eu segurava para não rir. De lá de dentro, o vocalista começou a cantar.

And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
And sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

- IRIIIIIIS!! – elas quase gritaram juntas. Eu comecei a rir daquela cena.
- E então, Alice? Vamos entrar ou não?

Alice pareceu nem me ouvir direito. Agarrou meu pulso e o de Helena e nos arrastou para dentro do bar. Havia uma única mesa vazia naquele lugar, e onde ela ficava? Praticamente, bem na frente do pequeno palco onde a banda tocava. Alice estava nos arrastando em direção a aquela mesa, até que eu “acordei”. Estávamos sem dinheiro, entrando em um bar, nos sentando logo na primeira mesa e bem de frente para a atração daquele lugar. Com certeza, alguém iria achar estranho. Iriam nos confundir com bandidas ou coisa pior, talvez.
Mas não pude argumentar, pois logo em seguida, Alice estava me socando em uma cadeira e sentando-se ao meu lado direito. Do meu lado esquerdo, estava Helena, com a maior cara de retardada do mundo! Tá, a música era realmente linda, mas ela precisava mesmo ficar com aquela cara de boba-alegre?
Eu olhei para a banda pela primeira vez enquanto cantarolava a melodia em um tom baixo. Havia um baixista... Estranho; Um baterista... Engraçado; Um garoto com cara de pivete tocando um violão (que eu nem conseguia ouvir); Ao lado dele, um garoto muito parecido com o baixista, só que menos... Estranho... Tocando guitarra; E no teclado e no vocal ao mesmo tempo, havia um garoto também. A diferença entre ele e os outros garotos? Ele parecia estar realmente realizado naquele lugar. Como se tocar e cantar fossem a vida dele. Ele sorria enquanto cantava (eu não consigo nem sorrir enquanto penso, imagine enquanto canto!), os cabelos escuros e encaracolados balançavam conforme ele tentava dançar&tocar&cantar ao mesmo tempo. Os olhos estavam fechados, e mesmo assim, pareciam incrivelmente concentrados. Ele terminou a música com perfeição e abriu os olhos. Eles eram tão escuros, mas tão brilhantes, que fizeram os meus olhos brilharem. Não consegui pensar direito, na verdade, eu nunca pensava, mas de qualquer forma, eu me senti hipnotizada por aqueles olhos.
- Né Liv? – Helena cutucou meu braço e eu balancei a cabeça como se estivesse acordando.
- Hãn? – eu tentei falar alguma coisa, mas afinal, sobre o que elas estavam conversando?
- É, e depois a brisada da turma sou eu... – Helena comentou e eu dei de ombros. – Então, eu disse que eles tocam muito bem... – ela repetiu o que quer que ela tenha diot antes.
- É... – eu disse vagamente, atordoada – Tocam...

O garoto no teclado correu os olhos pelo lugar, e em questão de segundos, ele fixou seus olhos nos meus. Ele sorriu.

- Bom... – ele começou a falar, os olhos ainda presos em mim – A próxima música, acho que poucos devem conhecer... – ele olhou para os outros caras da banda e contou baixo.

When I find myself in times of trouble
Mother mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.
And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be.
Let it be, let it be.
Let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.

Eu senti meu queixo cair. Eles... Estavam tocando...
- Beatles? – eu disse com a voz um tanto... Aguda? É, acho que seria isso.
- Como é Liv? – Alice me olhou sem entender.
- B-Beatles Alice... É... Let It Be! – eu olhei feito uma retardada para a banda.

O vocalista parecia se divertir com a minha reação, e eu tinha certeza que ele estava olhando diretamente para mim. Ou eu estava certa, eu estava ficando realmente louca. Não percebia mais nada ao meu redor, só conseguia prestar atenção em uma única coisa.
Algo dentro de mim fazia um som que acompanhava as batidas da música. Eu sabia que meu coração machucado estava batendo novamente.

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